Atualmente em nossas escolas temos enfrentado grandes dificuldades tais como: desinteresse dos alunos, falta de respeito vinda de todas as partes, evasão, retenção no mesmo ano diversas vezes, está realidade faz com que professores discutam e repensem seu fazer pedagógico. As questões citadas acima não veem de agora, estes relatos já fazem parte das escolas há muitos anos, porém vemos que ao invés de melhorar a situação piora cada vez mais. Como melhorar a realidade que temos?
A escola foi criada, como mostra Varela (1992) em seu texto “Maquinaria Escolar”, para doutrinar as pessoas conforme a vontade da igreja e do governo, ela sempre teve o intuito de que todos tivessem a mesma linha de pensamento, sem questionamentos ou opiniões divergentes daquelas que eram impostas. A escola que temos hoje no Brasil ainda reflete muito esta doutrina, só que cada vez pior e com uma tendência até acabar com sua existência. Umas das propostas do nosso atual presidente Michel Temer foi que o Ensino Médio tivesse um percentual de aulas a distância, no momento que tu tens alunos jovens cada vez mais desinteressados, tendo que ir trabalhar, sendo pais e tu tira a obrigatoriedade de ir à uma instituição estudar, se consagra a verdadeira importância da escola. Vemos que a educação ainda é usada pela classe dominante para controlar o poder, mas não que eles estejam lá dentro doutrinando alunos, mas estão tirando todo e qualquer direito ao mínimo da educação.
Começamos pela pessoa mais importante nesta teia: o professor. O professor de escola pública em muitos estados e munícipios não tem salário em dia e muitos ficaram meses sem salário. O que esperar deste profissional? Com que cabeça ele vai trabalhar? Com qual motivação? Com que passagem paga o ônibus? Mas lá estamos dia após dia na sala de aula, trabalhando em casa (de graça), pagando para ir trabalhar, sem apoio, enfim ainda resistimos. Mas como somos a alavanca deste processo (se tivermos condições para tal) acredito que fica muito difícil almejar um futuro melhor para nossos alunos e para a educação sendo que o profissional que nela trabalha não tem o mínimo de dignidade respeitada.
Continuamos pensando nas ações do governo quanto nossa educação...Foi criado um programa denominado PNAIC (Pacto Nacional da Alfabetização na Idade Certa) que tem como base a alfabetização até 3° ano do ensino fundamental, sem retenção até o 2º ano, prevê uma formação continuada de professores e disponibilização de materiais de apoio. O que vemos agora no início de 2018, quando temos professores ainda em curso, é que o governo simplesmente, após analisar dados da Provinha Brasil e do ANA (indiciadores de qualidade da educação) onde os níveis de alfabetização praticamente se mantêm o mesmo, é quer acabar com este projeto e “lançar um novo programa”. A questão é que o programa anterior ainda não teve concluída sua fase de formação de professores para que então pudessem aplicar suas aprendizagens na sala de aula, um programa que precisaria de tempo e uma estrutura que o acompanhasse com boas condições de recursos humanos e materiais. Mas o que o governo faz? Simplesmente fecha uma janela e abre outra, pois o que interessa a eles uma educação de qualidade? Então este é um pouco do cenário que temos da educação pública brasileira.
Mas os professores que ali estão estudaram ou estudam e o que encontram em suas formações? Belas teorias, países com sucesso na educação, professores valorizados, sociedade que acredita na educação e chegamos a nossas salas de aulas todos os dias e nos deparamos com a realidade. Temos um grande debate a cerca de teorias construtivistas e não construtivistas e diante disso encontramos escolas e professores perdidos tentando mudar o antigo e aplicar um novo que não condiz com nossa realidade. Temos uma proposta Construtivista que segundo Becker (1994) os alunos devem ser o centro do processo, que deve ser trabalhado os conteúdos de seu interesse, onde o professor é somente o mediador. Por outro lado temos uma proposta Empirista que nos mostra uma sala de aula onde nada de novidade acontece, onde a crítica e a curiosidade são mortas e tem grande foco na disciplina escolar. Este debate tem perpassado formações e escolas que parecem perdidas diante de qual caminho seguir, muitas vezes sem condições de seguir nenhum destes.
O que eu quero para meu aluno? Que ele faça uma faculdade? Que ele tenha curso técnico? Que ele trabalhe? Estas perguntas que devem estar no centro de um PPP (Projeto Político Pedagógico) deveriam nortear toda escola na sua construção pedagógica. No Brasil para entrar em uma faculdade precisa-se passar no vestibular ou ter uma boa nota no ENEN (Exame Nacional do Ensino Médio) e se inscrever em programas como o PROUNI (Programa Universidade para Todos) ou SISU. Acontece que para ter boas notas nestas provas nossos alunos precisam de conteúdos, que se não bem compreendidos não permitirão que eles tirem boas notas. Então temos a proposta Construtivista que tem o aluno e seus interesses como o centro do processo, mas se o aluno quiser aprender só que lhe interessa como dará conta de entrar em uma faculdade? Pois um tema não tem como dar conta de todo conteúdo e com certeza muitas questões ficaram para trás. Temos o outro método Empirista no qual não permite reflexão, debates, criatividade, não entende que existe um processo, método este que engessa de mais os alunos. Pois o que adianta saber de cor todo conteúdo e não criticar, não confirmar fontes de informações, não debater a realidade? O alunos entrará na faculdade, mas fará o que com o diploma que tem uma sociedade tão sofrida?
Então nos deparamos com definições como as de Macedo (1993, pág. 25) “que o construtivismo e o não construtivismo correspondem a duas visões opostas, isto é, complementares e irredutíveis”. Isto é, ou seguimos uma pedagogia ou seguimos outra. Será que isso é possível 100% do tempo? Dependendo de meus objetivos até acredito que possa ser, mas diante dos objetivos que temos para o futuro de nossos alunos não acredito que esta opção seja única e que seja válida. Vemos na prática ambas as teorias agindo lado a lado sendo realmente complementares e não excludentes. Esta discussão nos mostra o quão perdidos estamos diante de um governo que quer destruir a educação, diante de teorias que não acontecem na prática e quase impossíveis no Brasil. Será que não esta na hora de construirmos nossas próprias teorias? Pensemos nisso, enquanto temos forças para seguir!
REFERÊNCIAS
BECKER, Fernando. Modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. Educação e Realidade, Porto Alegre, p. 89-96, 01 jun. 1994. Semestral . 19(1).
MACEDO, Lino de. O Construtivismo e sua função educacional. Educação e Realidade, Porto Alegre, p. 25-31, 01 jun. 1993. 18 (1).
VARELA, Julia et tal. A Maquinaria Escolar. Teoria & Educação, São Paulo, n. 6, p. 68-96, 1992.
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